quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ARTIGO: A vitória em Lauro de Freitas e a hegemonia na Região Metropolitana

Sócrates Santana*

A luta eleitoral em Lauro de Freitas concentra a disputa política em curso no país, focada nas eleições de 2010. A pouco menos de uma semana, há uma clara polarização de forças políticas entre a base do governo que busca se fortalecer para impulsionar as mudanças, dando sustentação ao projeto iniciado pelo companheiro Lula (2002) no Brasil, pela companheira Moema (2004) em Lauro de Freitas e pelo companheiro Jacques Wagner (2006) na Bahia, versus os setores conservadores e de direita, que de maneira mesquinha procuram emperrar o novo rumo que vem tomando o país, o nosso estado e a nossa cidade. Nos próximos dias tal disputa vai se acirrar, pois são nesses dias que se define o voto da maioria do eleitorado.
Vontade otimista - O caminho percorrido e dirigido pelo PT em nossa cidade, especialmente, é crescente e afirmativo no sentido de defender a nossa independência em relação a capital (Salvador), estimular a democracia popular entre os moradores e amarrar em torno do PT o cenário político na Região Metropolitana. Em recente pesquisa desenvolvida em nosso endereço eletrônico local, além de re-eleger Moema, a maioria dos nossos militantes acreditam na expansão do PT no legislativo municipal. O sociólogo italiano Gramsci condensa o otimismo dos nossos militantes dizendo que devemos agir de forma pessimista, mas inteligente, sem perder jamais o “otimismo da vontade”.
Uma vontade de ser otimista que tem fundamento na nossa expansão sintonizada com a política nacional perpetrada pelo presidente Lula por intermédio do crescimento econômico, com efeitos sociais na retomada do consumo, do emprego e elevação da renda da população. É a partir desses dados reais que retiramos a convicção que além de re-elegermos Moema também iremos ampliar a bancada de vereadores do PT, confirmando a tese da onda vermelha que encobre a Bahia e, que tem o objetivo de terminar o processo eleitoral com mais de 60 prefeituras, principalmente, na RM.
Hegemonia na RM - Por isso, ao fortalecer a prefeitura de Lauro de Freitas, o PT estará consolidando uma política hegemônica que o partido dirige na Bahia, desde a vitória do governador Jacques Wagner sobre o carlismo. Uma política hegemônica que passa por nossa cidade e os demais municípios da Região Metropolitana com o objetivo de demarcar estrategicamente o território que garante a vitória do companheiro Walter Pinheiro em Salvador, no segundo turno. Um sonho – como bem sabem companheiros e companheiros sindicalistas - oriundo da década de 80.
Trata-se de produzirmos na Região Metropolitana uma conjuntura mais favorável ao PT de Salvador, que repercute no plano eleitoral, como comprovam o crescimento da preferência popular pelos candidatos do PT e dos partidos da base de sustentação do governo, na maioria das principais cidades da Bahia.
Polarização - Em Lauro de Freitas, contudo, vale destacar, a polarização entre Moema e Muniz. Uma polarização regida por dois projetos radicalmente distintos, não só no conteúdo, mas, principalmente, nos métodos de campanha. De um lado, o jeito petista de governar, propor leis e envolver a população na campanha: democrático e popular. Do outro, a violenta forma de mandar na vontade das pessoas e a perversa maneira de destruir o adversário: autoritária e personalista. O exemplo de Lauro de Freitas é um prelúdio do que pode ocorrer em Salvador no segundo turno e uma lição que o companheiro Walter Pinheiro desde já precisa estar atento. Assim como Moema, Pinheiro deve distinguir os lados: de um lado (Muniz), a elite econômica e burguesa; do outro (Moema), o povo e o proletariado.
Muniz enrijece o embate de maneira escusa. Tendo perdido seu discurso e bandeiras, usa agora expedientes condenáveis e argumentos falaciosos, para impingir a pecha de autoritarismo ao governo democrático de Moema, ou enquadrar como autoritárias personalidades de há muito comprometidas com a luta pela liberdade da população de Lauro de Freitas, a exemplo do presidente municipal do PT de Lauro de Freitas, Apio Vinagre.
Sobriedade - Para enfrentar os métodos empregados pela direta raivosa em Lauro de Freitas e na capital baiana, teremos que seguir alguns preceitos básicos de Gramsci, que diz que “é necessário criar homens e mulheres sóbrios, pacientes, que não se desesperem diante dos piores horrores e não se exaltem em face de qualquer tolice”.
É nesse quadro polarizado que se trava a disputa. Há uma tendência de crescimento das nossas candidaturas nos principais centros. Entretanto, o que se verifica é que na capital a decisão se dará no segundo turno das eleições. Nele é que se definirá a qualidade política dos resultados eleitorais estaduais e nacionais. Tal quadro exige maior esforço de politização do debate, desvendando o sentido nacional da disputa, que é o de consolidar a vitória eleitoral das novas forças políticas e sociais emergentes em 2002.
A ferrenha disputa se decide na condução política: desvendar a falácia dos argumentos da oposição, que conduziu o país a um dos períodos mais constrangedores da trajetória nacional durante a década passada e enterrou a Bahia e o nosso município num abismo de problemas de ordem social e estrutural. Trata-se de traduzir ao imaginário popular o sentido dos campos políticos em confronto e agregar apoios que possibilitem a vitória no segundo turno na capital, após demarcarmos os espaços legitimamente petistas e de esquerda da Região Metropolitana.
Falso otimismo - Por fim, vale enfatizar que o otimismo muitas vezes se revela apenas “um modo de defender a preguiça, as próprias irresponsabilidades, a vontade de não fazer nada”, assim como a criação de um moralismo isolacionista, que evita a todo custo o confronto com o inimigo. “Os moralizadores – escreve Gramsci - caem no otimismo que é o mais puro e tolo pessimismo, já que suas prédicas deixam as coisas como estão”. Só a explicação racional dos processos pode produzir uma ação incisiva, uma vontade inflexível. É dessa vontade que os militantes de Lauro de Freitas, Salvador e demais municípios da Região Metropolitana e da Bahia precisam se apoderar. Isto vale tanto para a política quanto para a ética de cada um. E vale, em geral, para o próprio destino do PT na Bahia.
*Sócrates Santana é jornalista, cientista social e Secretário de Comunicação do PT de Lauro de Freitas.

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